Dia Perfeito

Mesmo pedindo pra dormir mais cinco minutos, minha esposa não deixa
que eu perca a hora e me faz cócegas para eu acordar. Levantamos da cama.
Eu me preparo e troco de roupa, colocando o terno que me deixa com a mais
aparente seriedade para a minha promoção no trabalho. Minha esposa demonstra
estar extremamente orgulhosa e me dá um apaixonado beijo. Chego no trabalho
bem antes do horário para evitar contratempos. Minha promoção é oficializada.
Ninguém duvida que eu sou o mais preparado para este cargo. Meu chefe
consegue me deixar surpreso com uma festinha de comemoração. Consigo
ver a minha esposa no almoço para conversarmos. Todos dizem que sou
a pessoa mais sortuda que conhecem. Vou embora mais cedo, antes que a
escuridão surja no horizonte. Sei que minha esposa não estará em casa. Antes
que ela chegue, escrevo um bilhete explicando tudo para ela, pego uma corda,
me levo à garagem, preparo a corda no teto e me penduro. Enquanto a corda me
sufoca, me pergunto por que ninguém viu meu pedido desesperado por socorro.

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A ideia surgiu quando li um texto sobre depressão e como muitas vezes quem sofre dessa doença não mostra sintomas, apresentando no máximo discretos sinais praticamente imperceptíveis - assim como o “sinal” que coloquei no texto ao ler apenas a primeira palavra de cada linha.

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